sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Magnólia Figueiredo usa o atletismo para fazer a diferença na vida de jovens atletas


Um dos principais nomes do atletismo brasileiro na última década, dona do recorde brasileiro nos 400m rasos desde 1990, Magnólia Figueiredo comemora 47 anos nesta quinta-feira, dia 11, nas Olimpíadas Universitárias JUBs 2010, em Blumenau. A ex-atleta participou da edição de 2006, em Brasília, como competidora e agora retorna como oficial, convidada pela diretoria da Federação Universitária do Rio Grande do Norte. Magnólia representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de Seul 88, Barcelona 92, Atlanta 96 e Atenas 2004.

O primeiro contato de Magnólia com uma competição estudantil foi em 1976, integrando uma equipe de vôlei. Neste evento, teve acesso ao atletismo, se apaixonou pelo esporte e, no ano seguinte, mudou de modalidade. "O motivo de ser apaixonada pelo atletismo é por se tratar de uma modalidade com atletas, na maioria das vezes, de níveis sociais menos favorecidos. Essa definição tem muito a ver com o meu projeto pessoal, que é tentar contribuir para fazer a diferença na vida dos outros", fala.

A princípio, Magnólia resistiu em aceitar o convite da Federação potiguar, já que atualmente cursa sua segunda pós-graduação, em Ensino Superior. "Queria vir como atleta, mas treino duas horas por dia por causa de outras atribuições e não é o suficiente para uma competição deste nível. Para fazer uma participação não representativa, achei melhor não competir. Para mim as Olimpíadas Universitárias não são uma competição qualquer", explica.

Formada em Administração e Educação Física e pós-graduada em Gestão Educacional, Magnólia sugere aos jovens que estão participando de suas primeiras Olimpíadas Universitárias JUBs que procurem entender o objetivo do evento e que lembrem que estão em Blumenau representando não somente eles mesmos, mas sim uma Instituição. "É preciso ter essa responsabilidade de representar uma pessoa jurídica, saber se socializar e respeitar os adversários, que são na verdade parceiros. As Olimpíadas Universitárias JUBs são um momento de muito crescimento, os participantes já possuem um nível intelectual diferenciado, com acesso a outras informações. São formadoras de opinião, que podem ajudar a construir o esporte do Brasil", diz. "Os valores e os princípios trabalhados em um evento como este são muito mais importantes, não só os resultados. Estamos diante de um evento que é também educacional", complementa.

A atleta continua competindo e acredita que a possibilidade de conseguir desenvolver o esporte universitário potiguar foi um ponto fundamental para aceitar o convite da Federação. "Estamos em um processo de construção. As universidades acharam interessante eu compor a diretoria e espero mesmo contribuir com o desenvolvimento do esporte do Rio Grande do Norte", afirma Magnólia, que foi Secretária de Esportes e Lazer do Estado do Rio Grande do Norte e possui um projeto social.

A maior preocupação da atleta desde o início de sua carreira é o de fazer a diferença na vida de outras pessoas. Seu projeto - Vamos tirar as crianças da rua correndo. Atletismo nelas - existe há onze anos e busca a emancipação social e a construção do ideal de cidadania nas crianças, jovens e adultos universitários. "Provamos que é possível conciliar o esporte com a formação acadêmica profissional. A gente não vê outra possibilidade de mudança de estilo e de perspectiva de vida se não for realmente com a educação. Todos os atendidos pelo projeto vêm de famílias de nível sócio-econômico mais comprometido e hoje eles são fortes agentes sociais em seus meios de convivência", explica. "Temos orgulho desse projeto, é a busca pela cidadania. A mudança na vida dessas pessoas é a prova de que o esporte é um forte agente de transformação social".

Atual detentora do recorde brasileiro nos 400m, Magnólia acredita na evolução do atletismo feminino no país e torce para que seu recorde seja batido. "Não é uma marca muito fácil, mas também não é impossível. Ainda hoje é mundialmente considerada. Quando for batida, será um sinal de que avançamos", acredita.

A visão que a atleta tem do esporte é a de que é fundamental ter uma carreira acadêmica. "Tive sorte de ser orientada por pessoas que também pensavam assim e na hora do treinamento, das atividades, trabalhávamos os princípios e valores do esporte, não só a busca por resultados. Houve uma contribuição muito grande na minha formação e não podemos desassociar a parte educacional do rendimento. É possível e necessário que o atleta tenha essa dimensão mais ampla. Sinto-me na obrigação de tentar retribuir com a mesma perspectiva", afirma.

Fonte: Comitê Olímpico Brasileiro (COB)

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